Aquele momento

Em te convidam para o casamento de uma rapariga da tua idade que admiras imenso. Não que isso seja um grande espanto ou acontecimento, até porque não é a primeira, não vai ser a última e até há quem case mais cedo. O que estranhei foi perceber como os anos passam e como as pessoas mudam. E como, por vezes, a pessoa com quem se está molda quem a outra é e com quem se dá.

A rapariga de quem estou a falar é a miúda mais descontraída e fixe que conheci, daquelas que nos damos logo bem desde o primeiro minuto. Conheci poucas pessoas tão independentes e donas do seu nariz como ela; não deixava que ninguém a fizesse sentir mal por não fazer isto ou aquilo, e era raro encontrar quem não se desse bem com ela. Em termos de independencia parece agora uma sombra do que era. Hoje é alguém com quem já não se combina algo sem que o seu namorado também não esteja presente, e até nas próprias conversas já não existe praticamente nenhum tópico que fale sem refirir o namorado. É sempre "nós" ou "eu e o não sei quê". Não que o facto de pensarem nos dois seja mau. Mas parece já não ter objectivos próprios e lutar apenas pelo bem comum, colocando assim os sonhos pessoais de lado. A verdade é que o casamento não vem alterar nada do que já tem vindo a ser desta maneira há uns anos. Parece é tornar mais definitivo que ela não existe como ser individual, mas sim como casal.

E isto fez-me pensar pela primeira vez em como o tempo passou sem me ter apercebido disso. Ainda a admiro e continuo a achá-la uma rapariga brutal; as boas características que tinha em nada se alteraram. Mas damn, parece que nada é como antes. Claro que estou feliz por ela. Mas ainda assim não consigo evitar pensar como gostava que ainda ela existisse como uma pessoa individual, e não como alguém a quem nos referimos em conjunto, do género "a Fleur e o Bill", e não apenas como "a Fleur".

3 comentários:

  1. Também fico um bocado abananada a pensar como o tempo está a passar. Há seis meses uma amiga minha teve um filho. UM FILHO! Para casamentos de pessoas da minha idade ainda não fui convidada, mas também conheço um ou outro pokemon que de há uns anos para cá deixou de saber usar a primeira pessoa do singular, para passar a usar SEMPRE a primeira pessoa do plural. Isso, sim, faz-me alguma confusão. Acho lindo que se esteja apaixonado e que o compromisso com outra pessoa seja sério, mas assusta-me que tantas pessoas deixem que a sua individualidade e liberdade sejam totalmente engolidas pela relação.

    Perante este tipo de acontecimentos relacionados com pessoas à minha volta sinto-me tão velha e tão bebé ao mesmo tempo que nem sei explicar.

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    1. Exactamente! Sinto-me velha porque pessoas da minha idade estão a casar and shit just got real, mas por outro lado ainda há tanta coisa que quero fazer antes de considerar sequer isso. Mas não fico horrorizada a pensar que é muito cedo ou algo do género, o que me entristece é que algumas pessoas se perdem a si como pessoas singulares pelo caminho. E consequentemente, perco também algumas pessoas amigas de quem gosto muito.

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  2. A perda de identidade é uma das coisas mais comuns numa relação e é o pior erro que se pode cometer...!

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