guess who's back (back, back)

Não sei por onde começar nem tenho as ideias suficientemente estruturadas para que as escreva aqui. Por isso vou escrever um bocado à toa sobre a última semana, mesmo que mais tarde venha a falar mais a sério sobre alguns aspectos. Resumidamente, eu nunca tinha andado de avião e as minhas viagens fora do país limitaram-se a ir a Andorra na viagem de finalistas, o que quase não conta por ser isso mesmo: uma viagem de finalistas na qual fui com mentalidade de miúda parva que ia estar longe dos pais. Nessa não organizei absolutamente nada, sabia para onde ia, com quem ia, quem ia ficar no meu quarto, mas não sabia mais nada. Fiz a mala duas horas antes de apanhar o autocarro (sim, atravessei Espanha de autocarro e foram mais de 12 horas de viagem, whoohoo) e passei uma semana em que a única coisa que sei ainda hoje é onde ficava o meu prédio, as pistas de ski e o bar. O que aprendi ao ir não sei quantos km's para longe foi que talvez tenha passado ao lado de uma carreira snowbordista das pistas azuis (as mais fraquinhas). Não, mas a sério, não houve nada de bom que essa viagem me tenha trazido e ainda fiquei com o sentimento de culpa terrível por não ter aproveitado da melhor forma uma oportunidade que muita gente não tem. 

Esta viagem que fiz a Londres foi, desde o inicio, idealizada por mim, paga com o meu dinheiro e sinceramente, se para o resto da minha vida não puder ir a mais lugar nenhum, fico feliz por já ter visitado este lugar. Londres era a cidade onde sempre quis ir. Culpo totalmente os livros do Harry Potter por isto, e até aos 8 ou 9 anos sabia que esta cidade existia algures, mas pensava que outros lugares, como a estação de King's Cross, eram tão reais como Privet Drive. Depois cresci um bocado e entretanto já sabia que não havia um castelo como no filme algures no Reino Unido, sabia também que a outra estação existia realmente e que, ao contrário do que eu pensava, a maioria das filmagens era feita num estúdio, agora aberto ao público. Apesar dessas "desilusões", a partir dos meus 16 anos começou a febre do all things London. A fase do coleccionar almofadas com a bandeira do Reino Unido, das caixas de arrumação com os estampados do Big Ben e do London Eye e de até usar as frases keep calm and qualquer coisa nas mais variadas alturas. Eu sei que isso é muito parolo e igualmente piroso, mas ainda hoje guardo essas coisas.

Tudo isto fez com que marcasse a viagem, arrastasse o meu namorado comigo e organizasse tudo desde as reservas de avião, até à estadia e ao que fazer em cada dia. Claro que tive sempre apoio e confirmei cada decisão com quem vinha comigo, mas foi também a única viagem que tive medo que corresse mal, pois pela liberdade que tive a escolher tudo e mais alguma coisa, qualquer escolha errada era também culpa minha. Correu tudo bem. E ainda nem acredito no bem que correu porque marquei a viagem com tanta antecedência que comecei o pensamento estúpido que "às tantas não chego a ir", "vai acontecer alguma coisa e tornar a viagem horrível" ou "vou falhar e desperdiçar tudo isto". Pensei tantas vezes nesses cenários que nos primeiros dois dias nem acreditei que lá estava. E no final, foi tudo tão fixe e tive tanta sorte em ver algumas coisas que vi, que continuo a não acreditar. Todos os dias havia alguma coisa a acontecer que só poderia ter visto se estivesse naquele lugar a essa hora. Coisas que nem eu sabia que iam acontecer. O dia em que escolhemos ir à Tower Bridge foi o dia e a exacta hora em que a abriram. Na primeira loja de comida onde entrámos quem nos atendeu foi um rapaz que namorava com um madeirense e ficou tão contente por nós sermos portugueses que se fartou de dizer "olá" e "obrigado" porque eram as únicas palavras que o namorado lhe tinha ensinado ainda. No hostel onde ficámos conhecemos um argentino super fixe. Se não tivéssemos ido jantar fora naquele dia não íriamos assistir à pior performance de sempre numa noite de open mic (bem, isso talvez não tenha sido sorte). E tantas outras coisas que devia já ter escrito para não me esquecer.

Cheguei ao fim com a sensação de que vi imenso, doíam-me as pernas e os pés, e todas as horas de sono não eram suficientes. Faltou ver e fazer tantas outras coisas, mas tudo o que queria mesmo, mesmo fazer, foi feito. Obrigada a quem me deu dicas e me ajudou a planear isto, mesmo que indirectamente. Foi a melhor viagem de sempre.

6 comentários:

  1. Londres é Londres e tem uma magia única. Visitei duas vezes e ambas foram especiais, apesar de formas diferentes. Agora tenho uma visão romântica da cidade porque foi a primeira viagem que fiz sozinha, com o meu namorado :) E ver que regressaste tão feliz só prova aquilo que eu estou sempre a dizer: Londres não desilude, por muitas expectativas que se tenha :)
    Vais fazer publicações sobre a viagem e/ou mostrar algumas fotografias?

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  2. Os lenços que falas são o Hijab, pelo menos para o islamismo. As burcas são as pretas de que falas. E faz-me igualmente impressão como o dinheiro nasce das árvores e a independência é algo tão pouco comum.
    Eu tenho imenso medo do terrorismo porque ele naõ tão a ser identificados, e o plano de dominar a europa está estruturado para o dominio ser de dentro, "à la cavalo de troia". Há planos para a peninsula iberica ser deles até 2020... E isso é assustador. Porque estamos a cair na rede deles como uns patinhos. Se há gente a necessitar. Claro! Mas eles vem com ideias erradas do que lhes podemos oferecer, incitador por quem quer derrubar as proibições instaladas ao longo dos anos. Mas estes migrantes não são os que vão para os supermercados. São qualificados, querem qualificar-se. Outro tipo de migrantes. Não vão cavar a terra como o governo portugues (e não só) quer. É quem quer bolsa de estudos na Alemanha... Hungria? Qué isso... que nojo... cruzes credo canhoto! Enfim...

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  3. R: A sério que as minhas publicações foram úteis? Ajudaram de alguma forma? Que bom! Para além de registar os meus momentos e as minhas fotografias foi mesmo com esse objectivo que as escrevi - para ajudar alguém e partilhar informações mas não esperava que me dissesses isso... :)

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  4. R: Muito obrigada pelo feedback! Fiquei ainda mais motivada para continuar a escrever sobre os locais que visito :)

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  5. Aww fico mesmo feliz que tenha corrido bem!

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