Quando entrei para o curso, a primeira cadeira
que me fez logo repensar a minha escolha foi programação. Não ia lá nem de
carrinho de mão e não me conseguia abstrair para perceber a lógica da coisa
"mas então, onde é que estão a passar os bits... o quê, onde é que viste
isso... porque é que tenho que escrever código em papel, qual é a lógica, MAS
PARA QUE SERVE O RAIO DO COMPILAR". Para quem só teve umas luzes muito
fraquinhas de programação no secundário (maldita disciplina de Aplicações
Informáticas, mentiu-me o tempo todo) ou tem que saber como algo funciona, até
ao ínfimo pormenor, para perceber o todo, o problema começa logo aí. E porque a
cadeira não pára, quando percebi os tipos de variáveis já íamos nos ciclos,
quando apreendi isso a matéria tinha avançado para a recursividade, and so
on. Tudo isto resultou em muita choraminguice, e em muitas frases
derrotistas:
“eu não sou capaaaz”
“ nunca vou perceber isto”
“odeio programação”.
Felizmente, houve um professor com uma paciência
infinita que nos soube ensinar não só a programar, como a fazê-lo de forma
eficiente e organizada. Uma das coisas que me lembro ainda hoje é de estar a
fazer o projecto final, e de às tantas já não saber em que classe tinha um
determinado método, ou implementar métodos repetidos, que faziam a mesma
coisa ou algo parecido. O meu trabalho estava uma confusão tal que quando
funcionava ficava contente, mas não sabia como era isso possível, e quando não
funcionava demorava montes de tempo a encontrar o erro. Cada vez era mais
difícil continuar o trabalho porque sempre que queria acrescentar algo novo era
o caos.
Quando tive uma dúvida que não consegui
ultrapassar de maneira nenhuma, mostrei finalmente ao professor que
olhou por momentos para o meu código (linhas e linhas de código espalhado em
várias classes) e disse "Está aí um belo esparguete. Posso dizer-te o
erro, mas vais continuar a ter problemas. Apaga e começa de novo". Olhei
para ele com uma cara de horror a pensar "O quê, semanas nisto e vou
começar de novo? Nem pense!". Mas já em outras alturas ele tinha tido
razão. Por isso (e num ataque de fúria, admito) comecei tudo de novo. Nenhum método
foi copiado, estruturei melhor o problema, fiz montes de desenhos primeiro em
vez de começar logo a escrever código, mudei coisas que já queria mudar no
outro trabalho mas que - como isso iria implicar mais tempo que podia dedicar a
outras coisas - tinha deixado estar. Mais importante, não cometi os mesmos
erros do “trabalho esparguete” porque já tinha passado por eles, e acabei o
trabalho mais depressa começando de novo do que se tivesse continuado a
corrigir o primeiro trabalho.
Programação acabou por ser a minha disciplina
preferida até agora. E ensinou-me também que há muitas situações esparguete, não
só no código. Por isso sim, custa começar tudo de novo quando se está tão
avançado. Custa voltar ao princípio quando já quase se vê o fim. Mas a longo
prazo, acaba por se chegar mais rapidamente ao objectivo desta forma, do que se continuasse
a bater na mesma tecla ou a fazer alguma coisa que está mal desde o início. E
mesmo quando não se chega primeiro, ao menos faz-se melhor à segunda.
E é com os erros e as tentativas falhadas que vamos aprendendo :)
ResponderEliminaradoro o blog !
ResponderEliminarsegui :)
ResponderEliminarNem mais! Mais cedo ou mais tarde, com persistência chegamos lá :)
ResponderEliminarahahahah adorei! Vou mostrar isto ao meu irmão que está em TIC XD
ResponderEliminarDepois diz-me o que ele achou. :)
EliminarEm relação aos livros de Maquiavel e Thomas Moore são livros pequenos e de fácil leitura. Se recomendo? Acho que mal não faz nenhum ;)
ResponderEliminarVou tentar arranjar para ler. :)
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