memória de peixe

Eu sei que não é muitas vezes benéfico, mas eu só tenho memória a longo prazo em coisas parvas. Lembro-me, por exemplo, do meu primeiro dia na faculdade. Praticamente na integra, até me lembro do que tinha vestido. Lembro-me das primeiras impressões que tenho das pessoas (que são praticamente sempre "olha, esta pessoa parece ser fixe"). Mas depois não me lembro de ficar chateada com algumas cenas, ou de amuar com algo que o merece. E é verdade é que, para mim, dá mais trabalho guardar grandes rancores sobre alguma coisa do que esquecer a mesma e passar à frente. O trabalho que dá remoer e remoer em cenas e tomar aquelas notas mentais para ficar de trombinhas com alguém, ou de levar tudo demasiado a sério. Eu sei que é necessário, porque não há paciência para os bananas-aceitam-tudo desta vida. Mas às vezes guardar as coisas más durante um longo período de tempo faz com que no final já nem se saiba bem porque se chateou e porque tomou proporções tão grandes.

Por isso, é provável que, por muito triste que fique com alguém, passado uns tempos não tenha uma memória tão nítida disso. É normal que se pedirem desculpa e se justificarem, eu ponha as coisas para trás. Ou até que, se passar tempo suficiente, as coisas sarem sozinhas e que eu não me lembre tantas vezes. E que volte a ser (quase) tudo como antes. Há meia dúzia de notas mentais que não me esqueço. Mas de resto, para quê ter memória de coisas que já se passaram há tanto tempo e que  já não têm importância?

3 comentários:

  1. Indentifo-me com este texto. Há coisas que não esqueço e que não voltam a ser como antes, mas isso só acontece porque foram coisas graves, mas a maior parte das vezes passo à frente e "está-se bem".

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  2. Percebi perfeitamente o que quiseste dizer porque eu também sou assim, esqueço as coisas quando acho que ficaram devidamente "arrumadas e justificadas" como disseste e não penso mais nisso. Acho que é uma qualidade não sermos pessoas de guardar rancores :)

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