the Essena O'Neill thing

Por esta altura já muita gente deve saber quem é a Essena e o que disse para ser notícia em todo o lado. Já subscrevia o canal dela no Youtube há vários meses, mas para dizer a verdade, não via nem metade dos vídeos que ela publicava porque nem sempre me interessava o que ela fazia. Mas há umas semanas (?) ela publicou um vídeo chamado "How people make 1000's on social media" e meu deus, a sério que há pessoas a serem pagas em números tão redondos para, numa foto aparentemente "inocente" postada no instagram, usarem o vestido/biquini de X marca? Não é novidade para mim que bloggers de moda - que fazem de facto carreira disso, como a Chiara Ferragni - estejam sempre vestidas com as peças mais recentes lançadas pelas importantes casas de moda. É promoção, talvez encapsulada sim, mas eu aceito essa parte uma vez que quando escolhi seguir a Chiara no instagram já sabia que mais de metade dos post's (não arrisco percentagens, mas diria que a maioria) iriam tratar-se de publicidade. Mas pessoas normais serem pagas para isso? Apenas por terem um número considerável de seguidores? E quantias tão altas como 400$ por UM post de uma foto sua com um vestido? It blows my mind.

agora que já passou é que vou falar

Desde que posso votar (e já lá vão uns anos) fui sempre fazê-lo sem desculpas. Talvez ajude o facto de os meus pais serem pessoas que ligam a política e que falem, talvez demasiado, nesse assunto, mas cresci a achar que as eleições e o acto de ir votar era algo realmente importante. Nem só a nível de estado, mas todas as eleições (para a associação da escola, presidência da universidade...), todas as decisões que dependem do voto de alguém são a meu ver importantes. Não só elegem ou defendem uma posição, como talvez contam para perceber como vai um povo. Se o Kanye West, ou até o Donald Trump, ganharem as presidenciais de 2020, o que diz isso sobre o povo americano? E, apesar de muitas pessoas estarem incrédulas com o facto de o PAF ter ganho sem margem para dúvidas, isso não é um "abre-olhos" para como as pessoas se sentem de facto em relação a quem está à frente do país?

Votei sempre e nunca votei em branco. Mas esta foi a única vez em que, até ao dia anterior, não tinha a certeza do partido em que iria colocar a cruz. Não me apetecia realmente votar em ninguém e não acho que entre os dois grandes partidos haja uma grande diferença, embora os restantes também não me dêem confiança. Ainda assim votei e não fiquei contente ou triste com o resultado. Não é que não queira saber e seja indiferente. Só acho que o resultado não vai mudar nada. O que aconteceu ao entusiasmo, às pessoas ficarem contentes por um novo ciclo e à esperança renovada num país melhor? Hoje em dia parece que andamos no ciclo eat, sleep, repeat, e resignamo-nos ao que temos. Amanhã vai ser um dia igual aos outros e é quase como se as eleições nem tivessem acontecido. Se o outro partido tivesse ganho haveria o mesmo cenário. Não digo que o necessário seja começar uma revolução para abanar isto tudo, mas bolas, às vezes parecemos zombies a vaguear de um lado para o outro. Votar já é mexer um rabo para decidir alguma coisa, mas ainda assim precisamos de mais. Muito mais.

(e sobre quem nem sequer vai votar esta é também a minha opinião)

expectativas

Imaginem que uma pessoa que vocês admiram (podem nem a conhecer e apenas a admirar o seu trabalho, a sua vida ou a sua maneira de ser) anuncia que vem aí uma "mega" novidade, algo sem precedentes, uma coisa em que já estão a trabalhar há imenso tempo, inclusive fazem um coutdown e falam disso sem falar realmente, e depois, quando é finalmente revelado todo o mistério, não é nada de especial e muito menos nos surpreendeu como estavam à espera? É como se vos prometessem o bolo mais delicioso do mundo, para o qual mestres pasteleiros vieram de todo o mundo e juntaram o seu saber para criar tal sobremesa, e no final vos apresentassem aqueles cupcakes que sabem a madalenas com massa açucarada por cima. 

Não é que alguém ou algo me tenha desiludido desta forma nos últimos tempos (tirado a banhada da app do Casey Neistat), mas a sério, a desilusão depois de criada e fomentada uma alta expectativa deve ser das sensações que menos gosto de ter. Não me custa tanto quando sou eu a criar na minha cabeça essa expectativa sobre alguém; essa pessoa não tem a culpa que eu tenha depositado nela tanta esperança em algo fantástico que à partida ela nunca garantiu. É mesmo a publicidade à volta de nada que me chateia, ainda para mais acreditando em geral no que me dizem. 

Posto isto, não me desiludas amanhã, Apple. Naaaaaah, estava a brincar. Não me podia importar menos com o lançamento de um possível telemóvel. O meu ponto é, só gosto de falar das coisas depois de elas acontecerem, depois de as fazer e ou já quando estão num bom caminho. E se antes era um papagaio a espalhar tudo a sete ventos, hoje só falo abertamente de projectos, futuro e presente a uma ou duas pessoas. Se não gosto de falsas expectativas, também não gosto de as criar sobre mim.

guess who's back (back, back)

Não sei por onde começar nem tenho as ideias suficientemente estruturadas para que as escreva aqui. Por isso vou escrever um bocado à toa sobre a última semana, mesmo que mais tarde venha a falar mais a sério sobre alguns aspectos. Resumidamente, eu nunca tinha andado de avião e as minhas viagens fora do país limitaram-se a ir a Andorra na viagem de finalistas, o que quase não conta por ser isso mesmo: uma viagem de finalistas na qual fui com mentalidade de miúda parva que ia estar longe dos pais. Nessa não organizei absolutamente nada, sabia para onde ia, com quem ia, quem ia ficar no meu quarto, mas não sabia mais nada. Fiz a mala duas horas antes de apanhar o autocarro (sim, atravessei Espanha de autocarro e foram mais de 12 horas de viagem, whoohoo) e passei uma semana em que a única coisa que sei ainda hoje é onde ficava o meu prédio, as pistas de ski e o bar. O que aprendi ao ir não sei quantos km's para longe foi que talvez tenha passado ao lado de uma carreira snowbordista das pistas azuis (as mais fraquinhas). Não, mas a sério, não houve nada de bom que essa viagem me tenha trazido e ainda fiquei com o sentimento de culpa terrível por não ter aproveitado da melhor forma uma oportunidade que muita gente não tem. 

Esta viagem que fiz a Londres foi, desde o inicio, idealizada por mim, paga com o meu dinheiro e sinceramente, se para o resto da minha vida não puder ir a mais lugar nenhum, fico feliz por já ter visitado este lugar. Londres era a cidade onde sempre quis ir. Culpo totalmente os livros do Harry Potter por isto, e até aos 8 ou 9 anos sabia que esta cidade existia algures, mas pensava que outros lugares, como a estação de King's Cross, eram tão reais como Privet Drive. Depois cresci um bocado e entretanto já sabia que não havia um castelo como no filme algures no Reino Unido, sabia também que a outra estação existia realmente e que, ao contrário do que eu pensava, a maioria das filmagens era feita num estúdio, agora aberto ao público. Apesar dessas "desilusões", a partir dos meus 16 anos começou a febre do all things London. A fase do coleccionar almofadas com a bandeira do Reino Unido, das caixas de arrumação com os estampados do Big Ben e do London Eye e de até usar as frases keep calm and qualquer coisa nas mais variadas alturas. Eu sei que isso é muito parolo e igualmente piroso, mas ainda hoje guardo essas coisas.

Tudo isto fez com que marcasse a viagem, arrastasse o meu namorado comigo e organizasse tudo desde as reservas de avião, até à estadia e ao que fazer em cada dia. Claro que tive sempre apoio e confirmei cada decisão com quem vinha comigo, mas foi também a única viagem que tive medo que corresse mal, pois pela liberdade que tive a escolher tudo e mais alguma coisa, qualquer escolha errada era também culpa minha. Correu tudo bem. E ainda nem acredito no bem que correu porque marquei a viagem com tanta antecedência que comecei o pensamento estúpido que "às tantas não chego a ir", "vai acontecer alguma coisa e tornar a viagem horrível" ou "vou falhar e desperdiçar tudo isto". Pensei tantas vezes nesses cenários que nos primeiros dois dias nem acreditei que lá estava. E no final, foi tudo tão fixe e tive tanta sorte em ver algumas coisas que vi, que continuo a não acreditar. Todos os dias havia alguma coisa a acontecer que só poderia ter visto se estivesse naquele lugar a essa hora. Coisas que nem eu sabia que iam acontecer. O dia em que escolhemos ir à Tower Bridge foi o dia e a exacta hora em que a abriram. Na primeira loja de comida onde entrámos quem nos atendeu foi um rapaz que namorava com um madeirense e ficou tão contente por nós sermos portugueses que se fartou de dizer "olá" e "obrigado" porque eram as únicas palavras que o namorado lhe tinha ensinado ainda. No hostel onde ficámos conhecemos um argentino super fixe. Se não tivéssemos ido jantar fora naquele dia não íriamos assistir à pior performance de sempre numa noite de open mic (bem, isso talvez não tenha sido sorte). E tantas outras coisas que devia já ter escrito para não me esquecer.

Cheguei ao fim com a sensação de que vi imenso, doíam-me as pernas e os pés, e todas as horas de sono não eram suficientes. Faltou ver e fazer tantas outras coisas, mas tudo o que queria mesmo, mesmo fazer, foi feito. Obrigada a quem me deu dicas e me ajudou a planear isto, mesmo que indirectamente. Foi a melhor viagem de sempre.

these days

Bem, à parte de nos últimos tempos terem soado violinos sempre que escrevo alguma coisa, até têm acontecido coisas boas. Primeiro, fui à minha primeira entrevista de sempre de Vans e calças de ganga (vá, e de blazer num dia de 40º por isso dêem-me um desconto) e sinceramente, matem-se se alguma vez tiver que ir de fato e sapatos que magoam. Sim, eu sei que isso vai acontecer. Mas até lá, deixem-me pensar que sou badass. Enquanto esperava, as pessoas que lá trabalham e foram passando por mim desejaram-me boa sorte, e um senhor até me empurrou para as mãos um pastel de nata ao mesmo tempo que dizia "ora bom dia". Claro que, convenientemente, me lembrei de comer o pastel o mais rápido possível porque devia estar quase a ser chamada, o que resultou em estar de boca cheia quando o entrevistador apareceu. Acho que passei no teste de linguagem gestual nesse momento. Passei em orientação no minuto seguinte, quando o mesmo senhor disse para entrar no gabinete à esquerda e eu virei para a direita. Melhor primeira boa impressão de sempre. Sobre a entrevista em si, correu bem. Não estava nervosa, não disse "tipo" nem "bué", e também não bloqueei. Os senhores também foram simpáticos. Foi fixe. 

Depois o meu cão morreu nesse dia e como não soube lidar com isso, fui ter com o meu namorado a Braga, a cidade onde o future me vai viver. Provavelmente não vai, mas não me importava. Coisas fixes em Braga: tudo menos o tempo que demorei no autocarro que apanhei para lá chegar. Foi preciso ir a Braga para ver os sapatos da Chiara Ferragni (emocion) que por acaso não são muito giros ao vivo. Também andei num dos dias à procura da Spirito para descobrir que ela estava na esquina seguinte. Basicamente, andei à procura dos sítios onde estive há dois anos, como o lugar onde foram as serenatas, para constar que já não sei onde fica nada, exceptuando os lugares onde me sentei para almoçar/ jantar. Boa memória selectiva. 

E por fim, quando voltei a Lisboa ajudei um senhor no metro do Oriente e tenho a certeza que foi daquelas experiências "à filme" que não vão voltar a acontecer-me. Este senhor queria ir para o "Rossio" e ao ouvir isso pensei, pelo sotaque, que apenas falasse inglês, por isso comecei a dar-lhe indicações também em inglês. Como já era um senhor de idade e parecia confuso com as linhas do metro, perguntei-lhe se ele não se importava que fosse com ele o resto da viagem de metro até ao Rossio, já que ficava no caminho para onde eu ia. A meio do trajecto o senhor pergunta-me se posso falar em português porque ele sabia a língua e precisava de treinar, já que em Portugal muita gente lhe respondia em inglês. O português do senhor dava 10-0 ao meu inglês. Justificou que falava devagar porque tinha primeiro que traduzir na sua cabeça o que queria dizer de finlandês para português, e pediu-me para lhe responder também mais devagar pois como era a nossa língua nativa, falávamos muito rápido. Já na Alameda perguntou-me o que eu estudava e contou-me que tinha sido médico e tinha 75 anos, mas que depois de se aposentar tinha tirado o curso de pintor profissional porque sempre o quis fazer. Agora pinta quadros e pelo que percebi, também os expõe por aí. Disse-me que queria mudar-se para Portugal pois a Finlândia tinha um acordo com o nosso país que facilitava essa transição. E no fim, já com o metro a parar no Rossio agradeceu-me a minha ajuda e o facto de ter falado português com ele. Fiquei tão nostálgica com o fechar das portas no metro. É provável que não volte a ver este senhor. Mas aqueles 20 min em que conversámos não me vão sair da cabeça. Aos 75 anos andava perdido numa cidade diferente da sua sem mostras de querer parar. E eu aos 20 e poucos já deito a toalha ao chão demasiadas vezes. Não quero dizer que mudou a minha vida, mas fez-me olhar de forma diferente para estes últimos meses. Nunca tinha acontecido vir a conversar com um total estranho mas ainda bem que o fiz. Se fosse há uns tempos atrás teria tido demasiada vergonha para ajudar alguém, mesmo que o quisesse. Mas no final, a recompensa por perder a vergonha e ter ajudado foi bem maior do que estava à espera.

um ano "meh"

O meu aniversário é em Agosto e, não sei se já escrevi por aqui, é em Agosto que começa a contabilização do ano para mim. Não é em Dezembro que vejo o que fiz e o que deveria ter feito, nem faço a lista de objectivos para o próximo ano nessa altura, não, para mim o último mês é em Agosto. Não sei se está na altura de dar o ano por acabado, mas como não deve acontecer nada de extraordinário no tempo que falta, devo dizer que este ano não foi um dos bons. Nem sequer começou bem e eu não consegui fazer com que terminasse da melhor forma. Falhei, ou melhor vou falhar, o maior objectivo que tinha. E estou triste, claro que sim, mas de certa forma ao longo do ano, e principalmente neste último mês, foram-se resolvendo muitas coisas que me mantinham a cabeça a andar a mil. E espero que isso também marque um novo ciclo.

Aprendi mais neste último ano do que poderia enumerar. De qualquer forma haveria muito que não conseguiria explicar. Sei que o maior apoio que tive foi de quem não tem obrigação de o fazer. E que no meio de todo o desamparo que senti e dos dias em que chorei, nunca estive realmente sem chão. Soube o que era cuidar do meu cão que esteve comigo desde que me conheço como gente e que merecia um final tão feliz como a vida que teve connosco. Sempre pensei que não valia a pena prolongar algo porque não queremos pensar no adeus ou como a nossa vida iria ser diferente, mas só agora soube o que isso implicava. Tive menos filtros a dizer o que penso e entrei em guerras que não foram só minhas, o que me trouxe alguns conflitos. Necessários, mas ainda assim conflitos e discussões que noutra altura teria evitado, mas que chegaram a um ponto em que tudo teve que desmoronar para se voltar a erguer. Duvidei muitas vezes que houvesse alguma coisa para construir e ainda não sei se realmente existe. Também aprendi que me devo esforçar em todas as oportunidades que me vão sendo dadas, mesmo que na altura não me pareçam oportunidades assim tão boas. E por fim, aprendi que para o próximo ano não posso adiar e esperar que alguns assuntos se resolvam por si só: quando não me achar capaz ou não fizer sentido para mim, tenho que falar logo ao invés de evitar essas conversas chatas, adiando-as ao dizer a mim mesma que estou "a pensar" para ganhar algum tempo para perceber o que é melhor. 

Há algumas coisas que ainda não resolvi, como precisar de ter a certeza que estou no caminho certo. Que a profissão ou o trabalho que espero ter é mesmo o que quero fazer, e não algo para o qual fui caindo. Não quero ser mediana em algo quando poderia ser óptima noutra coisa completamente diferente (que a existir, ainda não sei o que é). Também espero parar de correr atrás do prejuízo e começar realmente de novo sem me sentir culpada se deveria estar a fazer outra coisa.

Este ano não foi bom mas ao reler o que escrevi não me parece assim tão mau porque o pior já passou. Nestes meses sempre que disse "é agora" e me levantei, voltei a baixar os braços. Foram falsas partidas umas atrás das outras. A partir de Setembro vai ser a sério.

falta um mês

E a planeadora que há em mim já tem quase tudo distribuído por dias, zonas, vontades e vários cenários, e já fez listas para quase tudo. Sei que estou a ser control freak, mas a verdade é que gosto de planear. Mesmo que depois não cumpra ou haja algum imprevisto, ao menos sei o quão distante estou do plano que tracei e o que posso fazer ou não para compensar. Sei que há quem tenha planos por alto, quem vá sem eles, e quem os faça despreocupadamente e quem os leve ao extremo (eu, eu, eu!). Mas prometo não ser uma chata e não estar sempre a pensar que já devia estar ali ou que só tenho determinado tempo para estar neste lugar. É provável que me vá rir da minha ingenuidade daqui a uns tempos e das horas que planeei, mas acho que pior que isso é ficar com a impressão que não aproveitei tudo o que podia e que não vi algo que queria mesmo ver.